Pioneiros: 6 escritórios de arquitetura que exploram a Inteligência Artificial em seus projetos
Neste artigo, abordamos como a inteligência artificial está contribuindo para com a mudança dos nossos processos de projeto, e como arquitetos e outros profissionais estão reagindo e incorporando esses avanços tecnológicos na prática.
Que tipo de inovação a IA já trouxe para a indústria da arquitetura e construção, e o que está sendo testado neste exato momento? A seguir, compilamos uma seleta lista de projetos que podem nos ajudar a melhor explicar como a IA está sendo incorporada ao nosso dia-a-dia, transformando a nossa prática profissional.
A inteligência artificial (IA) é um ramo amplo da ciência da computação preocupado com o desenvolvimento de sistemas inteligentes capazes de realizar tarefas que normalmente apenas a inteligência humana estava apta a executar. O desenvolvimento tecnológico na área tem avançando rapidamente ao longo dos últimos anos, revelando um grande potencial de transformação de diversas áreas do conhecimento. A IA traz consigo uma série de oportunidades que prometem transformar para sempre o fluxo de trabalho em um escritório de arquitetura. Embora por enquanto, os principais progressos no campo da IA aplicada à arquitetura ainda estejam confinados aos laboratórios e projetos de pesquisa, não demorará muito para estas novidades sejam incorporadas pela grande comunidade de arquitetos, transformando radicalmente a maneira como concebemos e projetamos nossos edifícios. Quer estejamos falando de escritórios de arquitetura já consolidados, jovens arquitetos ou estudantes de arquitetura, os projetos apresentados à seguir ilustram como a IA está sendo implementada em nosso dia-a-dia.
AI + Arquitetura / Stanislas Chaillou
Enquanto estudava Inteligência Artificial (IA) e sua potencial integração na prática arquitetônica, Stanislas Chaillou desenvolveu toda uma metodologia geracional utilizando a IA para desenvolver estudos espaciais e layouts. Através do uso de aprendizagem de estilos arquitetônicos e mais especificamente com a utilização das GANs (Generative Adversarial Neural Networks), Chaillou desenvolveu um sistema capaz de gerar plantas baixas por IA, levando em conta a funcionalidade e determinados estilos arquitetônicos específicos. Sua pesquisa de mestrado, realizada na Escola de Arquitetura de Harvard, é um ótimo exemplo de como as ferramentas de IA podem facilitar o trabalho de um arquiteto, pois como comprovado por Chaillou, elas permitiriam o desenvolvimento de múltiplas variações de um mesmo projeto, produzindo plantas originais que, por sua vez, serviriam de base para uma posterior análise e desenvolvimento por parte dos projetistas. Tal ferramenta, permitiria testar e avaliar uma maior variedade de possibilidades em um período de tempo significativamente reduzido.
Inteligencia Artificial em Arquitetura / 3XN
Embora este seja apenas um projeto de pesquisa, o exemplo mostra como um escritório de arquitetura já consolidado também pode incorporar novas tecnologias para aprimorar os seus processos de projeto. Visando preparar-se para uma mudança de paradigma já anunciada, a 3XN, através de sua unidade de pesquisa chamada GXN, realizou uma análise profunda de seus processos de projeto e uso de novas tecnologias no dia-a-dia do escritório. Como resultado, foram identificadas três grandes subdivisões de trabalho onde a IA poderia ter um impacto significativo e imediato: Pesquisa – organizando informações, Projeto – tornando os processos operacionais mais eficientes e na Gestão do Conhecimento – desenvolvendo um banco de dados internos de aprendizado e experiencias. O projeto de pesquisa realizado pela GXN também apresentou diferentes cenários do que poderia ser alcançado dentro dos próximos cinco anos, com o objetivo principal de preparar o arquitetos para o início da mudança, permitindo que eles possam refletir sobre tudo aquilo que virá.
Pavilhão Daedalus / Ai Build
A AI Build, uma startup com sede em Londres que desenvolve sistemas autônomos de construção, juntou-se aos engenheiros da ARUP para a construção do Pavilhão Daedalus, uma estrutura treliçada de 5×5 metros que se assemelha a um paraboloide hiperbólico. O projeto foi concebido para ilustrar como a robótica e a inteligência artificial podem transformar a indústria da construção civil no futuro próximo. O Pavilhão Deadalus foi construído a partir de filamentos biodegradáveis impressos por um sistema inteligente chamado de Kuka. Estes robôs, utilizam algoritmos e análise de dados computadorizados para analisar quaisquer erros cometidos durante a construção e improvisar soluções em tempo real.
Plaza Life Revisited / XL Lab SWA Group
A divisão de pesquisa do escritório de arquitetura XL Lab, revisitou recentemente um estudo realizado nos anos 1980 por William H. Whyte com o principal objetivo de entender como as pessoas utilizam os espaços públicos atualmente. A equipe utilizou um algoritmo de aprendizado através de imagens de vídeo para desenvolver mapas de calor, frequência de uso e subutilização do espaço assim como a contagem de pedestres. O projeto de pesquisa, chamado de Plaza Life Revisited, fornece um conjunto de dados precisos para fundamentar a tomada de decisões em um projeto de espaço público.
Ferramenta de Projeto Generativo / Sidewalk Labs
No ano passado, a Sidewalk Labs anunciou o lançamento de uma ferramenta de projeto generativo que utiliza a aprendizagem de máquinas e o design computacional para criar situações hipotéticas de planejamento urbano. Utilizando informações geográficas, normativas, mapas, orientação, padrões meteorológicos e o gabarito dos edifícios como dados de entrada, a ferramenta desenvolvida pelo Sidewalk Labs gera uma série de cenários possíveis para que arquitetos e urbanistas possam avaliar e refinar seus projetos. Com o aprendizado da dados, o sistema é capaz de aprimorar o desenvolvimento de projetos urbanos à medida que acumula experiência para fornecer dados cada vez mais precisos.
Ada / Jenny Sabin
Criada como parte do programa Artista em Residência da Microsoft, a instalação Ada, batizada em homenagem à primeira programadora de computadores Ada Lovelace, utiliza a IA para criar um ambiente performático. Como o primeiro pavilhão construído para incorporar tecnologias responsivas baseadas em IA, o Ada traduz dados das expressões faciais dos visitantes e seus tons de voz em sensações específicas. Estes dados são então correlacionados com as cores e os espaços do próprio pavilhão, refletindo estas informações em seus materiais responsivos, criando uma experiência de foto-luminescência, a qual explora a idéia de uma arquitetura interativa e genuinamente responsiva.
Esta lista de exemplos não pretende de forma alguma esgotar todas as possibilidades possíveis, mas revelar a sua diversidade, criando um imagem abrangente de como o fenômeno da IA está transformando a maneira como concebemos e projetamos nossos edifícios. Por enquanto, a implementação da IA na arquitetura está sendo impulsionada principalmente por empresas de tecnologia e escritórios altamente especializados na área, mas é fato que os arquitetos estão acompanhando de muito perto todas estas novidades. A incorporação da Inteligência Artificial no fazer da arquitetura é apenas uma questão de tempo, mas decisivamente demandará uma reinvenção da nossa própria maneira de pensar a arquitetura.